Em
tempos modernos, sob os efeitos da Ressonância Schummam, a aceleração do biorritmo
do planeta ou da nossa própria aceleração mental, corremos contra o tempo,
procurando dar conta de nossas atividades pessoais e profissionais, com anotações
precisas em nossas agendas. Mas será que sempre foi assim? Onde estão os dias tranquilos
e silenciosos de outrora, quando o tempo parecia escorrer mais lentamente?... Curiosa
diante desta questão, resolvi voltar atrás no próprio tempo, para pesquisar dados
históricos, empíricos e simbólicos relacionados às medições do tempo.
Os registros históricos
relatam que povos antigos como os Babilônios e Egípcios criaram o “Relógio do
Sol”, no qual uma haste fincada no sentido vertical, no centro de um espaço
circular, dividido em 12 partes, marcava a passagem do tempo pelo movimento da
sombra projetada pela haste, no decorrer de um dia, atribuindo a mesma medida
de 12 partes para representar a noite, independentemente de serem mais longas
ou mais curtas, segundo o sistema duodecimal utilizado na época, totalizando 24
horas para cada ciclo de dia e noite. Em composição com o sistema sexagesimal,
dividiram cada hora em 60 minutos e cada minuto em sessenta segundos.
Posteriormente, os gregos criaram a clepsidra, um “Relógio D’Agua”, em que o
líquido contido na parte superior de um reservatório escoava, através de um
furo, para a parte inferior, marcando assim a passagem da mesma medida de
tempo. Esse processo deu origem a ampulheta, na qual a água foi substituída pela
areia, para a organização das atividades diárias. Chronos é o nome dado ao
tempo, pela mitologia grega. Era considerado o mais novo dos seis poderosos
titãs que pertenciam a primeira geração de seres divinos, filho caçula de Urano
(representação do céu) e de Gaia (personificação da terra). Atualmente, Cronos
é a definição do tempo cronológico e físico, compreendido como medida de anos,
meses, dias, horas, minutos e segundos. Para
os Maias, o referencial de tempo era o Calendário Lunar, dividido em 13 meses
de 28 dias e um dia extra, o qual eles chamavam de dia do não tempo e era
reservado à interiorização e reflexões. E assim os séculos se passaram!...
Com base no Calendário
Lunar dos Maias, em 2020, gravei uma Live com uma meditação sobre o “Tempo do
não Tempo”, onde com fundamentos nos conhecimentos da Cultura desse povo
antigo, conduzi uma meditação na qual, cada pessoa podia despedir-se das
memórias disfuncionais do seu passado, delas recolhendo as aprendizagens úteis à
própria evolução, tendo também a oportunidade de esvaziarem as ansiedades e
expectativas em relação a tudo aquilo que poderia ocorrer no futuro. Aliás, sobre
isso, também é importante lembrarmos que o que chamamos de futuro é um conjunto
de probabilidades de ocorrência de eventos, que poderão ainda ser por nós alterados,
a partir do nosso livre arbítrio, evitando que consequências inadequadas venham
a ocorrer. Associado a esta mesma live, em 2005, publiquei um poema inspirado
por uma visita à cidade de Conservatória, intitulado “Três Tempos”, no qual
ressalto a importância da integração do psiquismo, no tempo presente. E em
2016, publiquei um artigo intitulado Cenários, onde também teço algumas
reflexões filosóficas sobre as expectativas em relação à passagem de Ano Novo. A
partir dessas memórias e continuando minhas buscas em relação aos significados
do tempo, reuni conhecimentos da Física para o aprofundamento dessa influência temporal
sobre o nosso psiquismo e o dia a dia de nossas vidas.
Em
relação à vida no mundo tridimensional, que tem as medidas de comprimento,
altura e largura, o tempo era compreendido como uma quarta dimensão, referente
ao período necessário para percorrermos um espaço linear. E assim pensávamos,
até que Albert Einstein criasse a teoria da Relatividade e a noção de tempo
circular, segundo a qual, “Na presença de massa o espaço se curva e o tempo se
acelera”. Efetivamente, na realidade virtual de hoje em dia, zeramos o tempo
cronológico, quando conversamos em tempo real, com alguém que se encontra em
outro fuso horário, em qualquer outro ponto do planeta e descobrimos que o
tempo cronológico, atualmente, tornou-se relativo e serve apenas para agendarmos
nossos compromissos com outras pessoas.
No site
da Unipampa – Universidade do Rio Grande do Sul, encontrei um interessante
texto sobre o tempo, ainda segundo a Mitologia Grega: “O mais corajoso e jovem
dos Titãs, foi o único a ter coragem de ajudar sua mãe Gaia a se livrar dos
castigos de seu pai Urano. Cronos tornou-se
rei supremo dos deuses no lugar de seu pai e gerou muitos filhos com sua
esposa-irmã Réia.” Neste mito, Cronos é descrito como um pai cruel, que devora
seus filhos para que eles não lhe roubem o trono e o poder. Pela tradução do
mito, compreendemos que à medida que o tempo passa, ele devora as experiências
vividas, que vão ficando para trás, apenas como memórias de um passado que não
volta mais, já que não temos corpo no passado, assim como não temos corpo no
futuro que ainda está por vir, ambos refletindo, apenas, projeções do nosso psiquismo,
em experiências de regressão ou premonição, quando a mente está expandida. Desse modo, Cronos se afigura como implacável em seus movimentos e
afeta nossos estados emocionais, causando-nos estresse informacional, quando
não conseguimos processar todas as notícias que chegam até nós, dificultando a
formação de engramas, que são as células de memória, que se desenvolvem após a
percepção, avaliação e arquivamento das informações apreendidas pelos canais de
visão, audição e sinestesia. Cronos também nos traz a sensação de
envelhecimento, quando comparamos o tempo médio de vida de cada ser humano na
terra, podendo afetar nossos sonhos e projetos, quando acreditamos que estamos
velhos demais para iniciar uma nova atividade de vida. Mas será que nossa caminhada
evolutiva está limitada a esta contagem dos dias que vivemos na terra?
Outro conhecimento
importante para a compreensão do modo como lidamos com o tempo está relacionado
a qual das funções psíquicas predominantemente utilizamos em nossas relações
com o mundo. Carl Gustava Jung, em sua Psicologia Analítica nos ensina que podemos
utilizar a razão, a emoção a sensação e a intuição, as quais, por sua vez,
definem os quatro campos do conhecimento humano: Ciência (compreensão racional
do que é percebido através dos cinco sentidos de visão, audição, olfato tato e
paladar, voltados para o mundo tridimensional); filosofia (compreensão racional
do que é percebido através da nossa capacidade de intuição e transcendência,
como funções das glândulas hipófise e pineal); arte (expressão emocional desses
potenciais no mundo externo: pintura, escultura, poesia...); religiosidade
(expressão emocional do que intuímos). Através da aplicação da Técnica das
Quatro Funções Psíquicas, podemos identificar, de forma gráfica e com
percentuais matemáticos, qual dessas funções cada pessoa mais utiliza em suas
relações consigo mesma e com o mundo a sua volta. Quando uma pessoa utiliza
mais a lógica e a racionalidade, torna-se objetiva, determinado, focada na
avaliação do certo e do errado; se esta função for utilizada em excesso, a
pessoa perderá o ponto de equilíbrio entre os extremos e ficará aprisionada ao
julgamento e rigidez de conceitos. Uma pessoa regida pelo hábito de dialogar,
terá flexibilidade em seus relacionamentos e será ponderada e mediadora em
relação a terceiros; quando em excesso, este padrão mental irá gerar dúvidas e inseguranças,
em função da tendência de se deixar levar pelas opiniões alheias. Se a pessoa
usa mais a religiosidade, terá suporte emocional para lidar com as dificuldades
da vida e dar suporte a outras pessoas; quando em excesso, pode gerar fanatismo
e distanciamento da realidade. Uma pessoa regida pela tendência artística e
lazer, será alegre, de bem com a natureza, criativa e, por outro lado, poderá
negligenciar regras e compromissos importantes para a realização de seus
objetivos, perdendo foco e determinação. Assim sendo, o equilíbrio entre essas
quatro funções psíquicas é fundamental para a saúde física, emocional, mental e
espiritual, tornando-se um referencial de avaliação de quais aspectos precisam
ser trabalhados, no processo de autoconhecimento.
Como podemos ver,
nossas representações simbólicas do que chamamos de tempo, sofreram influências
culturais e evolutivas, ao longo da história, mostrando-nos a complexidade do
tema. De posse dessas informações, que possamos repensar os significados que
atribuímos ao passar dos anos, aproveitando-os da melhor forma possível; buscando
imprimir qualidade a cada momento vivido, criando bons momentos e aproveitando
novas oportunidades, colecionando boas lembranças ao longo do percurso
existencial, o que certamente será fundamental para a manutenção da saúde e da jovialidade, independentemente de
nossa idade cronológica.
Regidos por Cronos, usaremos,
predominantemente, nossas funções de razão e sensação, com nossos sentidos
voltados para o mundo externo, deixando-nos influenciar pelos modelos sociais
que muitas vezes já se tornaram disfuncionais, perdendo nossas motivações e
possibilidades de renovação, pela simples ideia de que sempre foi assim e
sempre será...
Regidos por Kairós, utilizaremos
mais nossas funções de intuição e emoção, seremos inspirados por nossa
sabedoria interior, expandindo nossos olhares para além do horizonte físico, onde
novos cenários poderão ser descortinados, novos sonhos poderão ser alimentados
e transformados em projetos adaptados e passíveis de serem concretizados no
presente, desse modo orientando a razão e a sensação rumo à autorrealização neste eterno aqui-e-agora; neste
eterno presente, que tem este nome tão lindo e que chega até cada um de nós
como dádiva atemporal, através da qual deixamos para trás os sentimentos
depressivos, em relação aos erros do passado que não volta mais e nos
libertamos da ansiedade e das expectativas de resultados, em relação ao futuro que ainda não chegou, permitindo-nos
a manifestação de nossas missões existenciais, com base em nossos
propósitos de vida.
Finalizando nossas
reflexões, convidamos a todos que lerem este ensaio, para a desafiante proposta
de reconexão com a sua sabedoria interior, com o objetivo de rever os símbolos
inconscientes, arquivados no mais profundo do seu ser, promovendo a reorganização de todo este material psíquico, de modo a abrir novos espaços de
realização pessoal, independente do tempo que tenha transcorrido...
Sueli Meirelles em Nova Friburgo, 02 de Fevereiro de 2024
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